terça-feira, junho 27, 2006

Copa do Mundo, volume 3 !

Olha, essa Copa me dá uma preguiiiiiça...

Mas antes que você pense que isso é uma crítica aos jogos, apresso-me a negar. Não, os jogos não me dão preguiça, embora vários sejam bem eficazes contra insônia. A preguiça advém dos diversos dias em que acabamos trabalhando menos ou nem trabalhando. Hoje mesmo, dia do jogo contra Gana - mais uma vitória e nada surpreendente - nem trabalhei. Como ontem foi segunda, espremida entre o domingo e um "feriado", acaba que fico com aquele gosto de feriadão. Agora, dez da noite de terça-feira, fica parecendo domingo; quase ligo a TV para ver o Fantástico...

Mas o que interessa é que a FIFA FEVER não nos larga. Passamos por mais um, acabamos com o sonho dos ganeses (lamento por eles, mas o jogo é assim) e vamos eliminar no sábado a França. Quarta-feira que vem tem mais feriado... hummmmmm... soninho...

(O arco-íris da foto surgiu nessa manhã de sol e chuva; lembro sempre do pote de ouro em seu final. Será que estava no Jardim Botânico? é o que parece)

sexta-feira, junho 23, 2006

Fenômenos passionais acabam tendo de se provar indefinidamente

Voltamos a um período de lua-de-mel entre o Brasil e Ronaldo Nazário. Maior que isso: voltou, ao menos por uns dias, a calmaria entre a imprensa mundial e Ronaldo, o dito “fenômeno”, alcunha que recebeu ainda quando jogava na Itália, há cerca de oito anos.

Ronaldo certamente está aliviado e mais tranqüilo e feliz. Não precisará explicar as mesmas coisas 1000 vezes por dia, coisa que o aborrece. Realmente a pressão sobre Ronaldo é enorme e não adianta superar desafios, bater recordes, ser artilheiro ou campeão. Sempre, ao menos enquanto jogar futebol profissional, Ronaldo terá que fazer mais, ser o melhor, corresponder, portanto, às expectativas que não levam em conta se ele tem 30, 25 ou 20 anos. De quem é a culpa por tal pressão angustiante?

Não se deve colocar o peso da culpa sobre os ombros de Ronaldo (esse assunto sobre massa é sempre algo delicado quando se refere ao ídolo...). É um grande jogador, um artilheiro, campeão do mundo mais de uma vez. Entretanto, quando um jornalista italiano o chamou de “fenômeno”, ele aceitou e o termo foi praticamente incorporado ao seu nome (como “Lula” ou “Maguila”, entre outros). Assim, o que se pode esperar? Um jogador “fenomenal” tem de responder à tal alcunha sendo sempre o melhor, o maior. Claro, não se deve esperar isso de ninguém, seja jogador ou não. Não é razoável. Mas o futebol não envolve apenas a razão. Pelo contrário: muitas vezes a razão vem por último quando se trata desse esporte. “Ronaldo é o fenômeno? então que mostre!”, é o que todos esperam, ainda que de forma inconsciente.

Surgem artilheiros pelo mundo, alemães, ucranianos, argentinos ou franceses. Surge Kaká, e seu xará, o Gaúcho. Mas Ronaldo, o fenômeno, como na antiga cantiga de roda, é aquele a quem a imprensa deu a mão. Se ser o super-herói para uma ou duas pessoas por um determinado período de tempo já é tarefa árdua, o que se dirá de ser um fenômeno, por anos a fio, para milhões de fãs espalhados por todo o mundo? Grandes conquistas trazem consigo volumosas obrigações, provações. Esse é o ônus, fardo de peso. Ninguém avisou ao Ronaldo ou, quem sabe, ele não quis ouvir... A vaidade, essa fraqueza tão humana e contra a qual devemos lutar diuturnamente, usando-a apenas até o limite entre o necessário e o inútil.

A foto lá em cima nada tem a ver com o assunto; é só para trazer sorte! (bem, pensando melhor, até tem a ver)

Da série "ah não, aí já é demais"

Não, não é mentira. Está em http://www.atechflash.com/products-icarta.html, vai lá conferir. Essa febre do mp3 e, em especial, do iPod, não tem limites. Aí, pode?! (hummmmmmmmm... essa foi péssima)

Copa do Mundo, volume 2!

E agora vem Gana aí. Você é dado(a) a leitura? Pois certamente vai ler alguma historinha sobre a gana de Gana e coisas do gênero. Quem sabe vai ouvir um poeminha do Pedro Bial (acho ridícula, um saco, essa “massificação” de poeminhas do cara. Tudo tem que ser analisado sob a prosa e verso de Bial... Nada contra ele mas, sim, contra a Rede Globo insistir nisso. Depois que aquela história de “protetor solar” – que deu no saco – fez sucesso, agora já viu...).

O fato é que acho que Gana não deve ser levada a sério, não é para tirar o sono de ninguém. É como a Croácia, como a Austrália, como o Japão. São todas seleções bobas, fraquinhas mesmo. Ok, fosse eu jogador, jornalista ou técnico, viria com o blábláblá sobre respeitar o adversário e outros conceitos-feitos. Agora, aqui entre nós, tantos milhões: levar GA-NA a sério? Achar que o Brasil vai ser eliminado por Gana? Já basta ter que levar a GRA-NA a sério (caramba! Estou cheio de trocadilhos infames hoje. Daqui a pouco vou começar a falar da gana de Gana...).

Depois que o Brasil passar, aí sim, vamos levar a sério a Argentina, a Inglaterra, a Alemanha (olho nela...). Agora, Gana? Faça-me o favor.

(P.S. vi a primeira graça com o nome do adversário. Num programa da ESPN disseram que o bom desse jogo de oitavas-de-final era ter certeza de que o Brasil iria "jogar com gana"...)

quinta-feira, junho 22, 2006

Confissão Pública

Abro o coração e resolvo terminar com esse silêncio, esse mistério que trago comigo há algum tempo. Se até minha mulher já sabe – e não se opõe – não vejo grande motivo para esconder. Vergonha de que, afinal? Acho que devemos assumir nossas vontades, nossas preferências, escolhas, opções. Assim sendo, me encho de coragem e revelo.

Isso começou de forma inesperada, como costumam ser as histórias desse tipo. Eu não o estava procurando, não o conhecia. Na verdade era como se ele não existisse. Um dia ouvi falar dele en passant e pensei “ah, mais um”. Dias depois finalmente o vi. É, não quero mais esconder: ele me arrebatou. Muito charmoso, aprimorado, sofisticado. Fiquei, é claro, bastante perturbado. Não esperava por isso, era uma total novidade em minha vida. Naquele dia, quando fui me deitar, não consegui dormir. Quando o veria novamente? Será que de perto ele seria tudo o que me pareceu à primeira vista? Será que eu iria me adaptar a ele e ele a mim?

A fixação em torno de algo ou alguém nos leva a fazer coisas que duvidávamos serem possíveis. Descobri onde ele costumava ficar e mudei meu trajeto diário só para ter a oportunidade de vê-lo. Não deixava de olhá-lo, com seu jeitão moderno e elegante. Como qualquer famoso, ele atraiu as atenções. Sim, confesso que procurei por informações; me disseram que era dócil mas, se necessário, agressivo até. Falaram de suas qualidades de firmeza aliada à sensibilidade. Asseveraram que era um grande companheiro, muito confiável. Tomei coragem e, sozinho, procurei me aproximar de alguma forma. Um dia, fui conhecê-lo.

Não é todo dia que nos vemos frente a frente com um tipo assim. Quis até dizer “Olá, como vai, tudo bem?” mas me faltaram palavras. Sem medo de algum preconceito seu, admito: depois de algum tempo, com o fôlego já retomado, encostei nele. Senti suas formas, sua temperatura, seu maravilhoso perfume e ouvi-o com atenção. Me senti confortável e seguro. Uma experiência multi-sensorial ao final da qual estava realizado. Ele preencheu meu "eu" interior.

Voltei para casa e não resisti, resolvi colocar as coisas a limpo, dizer a verdade, cartas na mesa. Contei que estava apaixonado, hipnotizado, mesmerizado, abobalhado, de quatro. Minha mulher foi surpreendida, não quis falar no assunto. Disse que eu estava louco e que isso passava. Achei que sua reação seria pior mas ela tentou compreender. Concordei que era uma história incomum, que para conquistá-lo eu teria que despender de um grande esforço, não seria algo fácil. Muito pelo contrário. Por fim, ela concordou. Mas preferia que fosse um preto.

A dúvida é só essa pois, embora eu não feche questão, tenho inclinação pelo prata. Acho que prefiro um Honda Civic EXS 2007 prata.

sábado, junho 17, 2006

Trapalhadas?

Dizem que o técnico da Seleção dos Estados Unidos chama-se Bruce Arena. Mas que nada! vejam a foto: é o Dedé Santana!!

Capitulei

Pois é, temos que aturar. Pelo que se viu até agora, os "brasileiros" são os argentinos...

quinta-feira, junho 15, 2006

"Je suis choquê"

Quinta-feira, feriadão, me coloco a ler o jornal, coisa que não tenho conseguido fazer direito ultimamente. Uma notícia me chama a atenção; fico impressionado.

Fotos e texto demonstram que há um grupo de menores infratores freqüentando as dependências do aeroporto internacional Tom Jobim, abordando turistas, coagindo-os a engraxar os sapatos e, de acordo com o jornal, "exigindo dólares". Segundo a Infraero cerca de trinta jovens andam pelas dependências do aeroporto pedindo esmolas e roubando comida em lanchonetes.

É possível uma coisa dessas???? que bagunça!

(e a propósito, nestes tempos de Copa, a foto acima é da caixa de engraxate usada por Edson Arantes do Nascimento, por volta de 1950, com a qual o menino ajudava sua família, em Bauru, São Paulo. Em http://www.terra.com.br/istoe/1687/1687semana.htm)

quarta-feira, junho 14, 2006

Bem ou mal, vencemos!

Jogamos com dez. Ronaldo – que eu vinha defendendo publicamente – jogou nada. Está MUITO fora de forma! Não acho que esteja gordo mas está sem ritmo, pesado.

Ronaldo vai reclamar - como já fez antes - dizendo que deve ser tratado com maior respeito e tal. Eu até concordo; mas ELE também tem que nos tratar melhor. O sujeito tem que ter noção de que não está bem e está atrapalhando a todos o jogadores e a nós, torcedores desesperados. Ô Ronaldo, larga o osso!

Acho que tem pressão da Nike aí... só pode. E a pergunta fica no ar: continuando assim, quanto tempo o Parreira vai agüentar?

Mas o importante é que vencemos. Nada brilhante mas também, diferentemente de muitos, não acho que tenha sido ruim. Até melhor não ter feito três ou quatro gols. Imagina a soberba...

terça-feira, junho 13, 2006

Copa do Mundo, volume 1 !

E segue o jogo, 38 minutos do segundo tempo. Todo satisfeito com a - até ali - vitória de sua Seleção, Ishida vai à cozinha pegar uma rodada de saquê para os amigos que se espalham pela sala, acompanhando naquela noite de segunda-feira (já quase terça) a estréia do escrete nipônico na Copa do Mundo da Alemanha. Enquanto serve fartas dose da aguardente oriental, Ishida canta: "130 milhões em açon, pra flente Japon, salve a seleçon!". Ouve gritos vindos da sala. Imagina que seus amigos estejam em êxtase já que o jogo aproxima-se do seu término. Resolve servir doses duplas para todos, uma farra. De repente, silêncio, apenas o som da TV ao longe.

Volta para a sala com a bandeja repleta de saquê e encontra Izumi, Yagami, Tachikawa, Speed Racer e Tanaka caídos, estirados pelo chão. Tinham acabado de cometer seppuku em grupo, frente ao resultado: Japão 1 x 3 Austrália. Na TV ainda consegue avistar "Dico" (como chamam seu técnico) desconsolado, antes de desmaiar no meio do tatame em meio aos amigos.

E aqui, pergunto: terá mesmo o Zico um pé-gelado quando se trata de Copa do Mundo? Uma amiga minha - vascaína... - lembrou hoje da incrível seqüência de dissabores do galinho na Copa. Em 1982, a melhor seleção, derrota; em 1986, perde um pênalti e, na seqüência do jogo, o Brasil é eliminado; em 1998, como assistente técnico de Zagallo, aquele desastre na final. Isso sem falar de 1978 quando - fato talvez único na história do futebol - o juiz de Brasil 1 x 1 Suécia terminou o jogo no momento em que a bola viajava do corner até o meio da área, uma fração de segundo antes dele, Zico, cabecear e fazer o que SERIA o gol da vitória do Brasil. Que azar é esse ?!!! Claro, muitas vezes o "azar" é um subterfúgio para a incompetência. Ontem a seleção japonesa levou três gols nos últimos seis ou sete minutos de jogo. Um absurdo, "coisas do futebol". E, por azar ou simples coincidência, Zico estava presente... Lamento pela sina de Zico na Copa do Mundo mas, claro, tenho muito orgulho do "nosso rei" que trouxe tudo o que foi possível para o Mengão, Campeão do Mundo! Vejamos o que vai acontecer na seqüência... Ainda bem que nossa Seleção não tem nada com isso! BRASIL !!!!!!

(Ah sim, minha festa de aniversário foi um su-ces-so! muita música boa, muita gente boa, muito espumante - bota muito nisso! - , caipisaquê, cerveja... tudo ótimo!)

sábado, junho 10, 2006

O tempo: seta que não desvia seu caminho

Volto, por alguns momentos, ao final da década de 80, início de 90. Freqüentava a casa do David Felipe - amigo de saudosa memória -, sujeito de paz, amigo de qualquer hora, dos grandes momentos e das inesperadas roubadas.

Estudante de engenharia elétrica, montou ele próprio um mixer, aquele aparelho que sobrepõe o final de uma música e o início da seguinte e, com o auxílio de duas pick ups, head-phones e um toca-fitas, David mixava os hits de então, entitulando sua própria casa de "Mena's Disco Club" enquanto a minha era a "Ipu's Discoteque" (Ipu - pequena rua sem saída - e Mena Barreto, ruas onde morávamos em botafogo).

Comprar seus discos importados, "de DJ", aqueles com apenas uma música mas em muitas versões, era um dos seus grandes prazeres. Ia em sua casa para auxiliá-lo, eu próprio não levando jeito para a coisa... Apenas ouvia e gravava minhas fitas - que conservo até hoje, um legado do amigo-irmão.

Em grupo, com amigos e irmãos, íamos ao Maracanã e festejávamos. Viajávamos, enfrentávamos a noite nos finais de semana, assitíamos às vitórias de Mike Tyson e Ayrton Senna. E tudo acabou de repente em janeiro de 1993, por um motivo que já então nos afligia, cariocas.

E isso não mudou. A bem dizer, piorou. O que mudou, e me trouxe o David à memória, foi o que faço no presente momento, lidando com iPod, iTunes, internet, selecionando uma longa série de músicas para logo mais à noite. Naquela época nem se sonhava com os termos - muito menos suas funções - chat, e-mail, site, mp3. Mas hoje ainda sonho com o passado e lembro com saudades do meu amigo.

quinta-feira, junho 08, 2006

Novidade (agora sim)

A partir de agora meu desalento com a quantidade de produção de imagens aqui no imBLOGlio é coisa do passado.

Agora, como você pode observar aí à direita em "LINKS", há a conexão para "Fotos do Frederico" onde publiquei algumas fotos que julgo relevantes (por motivos diversos) e sempre que surgir uma nova imagem (principalmente se relacionada com o assunto do post), haverá o devido aviso aqui no blog.

Portanto, sinta-se convidado(a) a visitar aquele novo espaço onde, da mesma forma que aqui, você poderá, ou não, deixar sua impressão.

(A quem interessar, o flickr - site que hospeda as imagens - possibilita, entre mil outras coisas, saber como e em que câmera a foto foi tirada. Basta clicar sobre a foto e depois procurar à direita da mesma o link "more properties")

terça-feira, junho 06, 2006

"A day at the races" e outro em Barbacena

Tenho receio desse blog fazer parecer que tenho uma inclinação para coisas tristes, deprês; há pouco tempo escrevi sobre nosso desconforto perante a morte, depois sobre meu trauma aos cinco anos e agora, logo aí embaixo, sobre o rapaz assassinado. Malgrado a cor negra do ambiente - que dá um aspecto lutuoso ao blog - não sou nada depressivo ou desanimado. Dito isso, vou contar uma história aqui que envolve em dado momento até cemitério (!) mas que - a despeito de uma primeira impressão - foi boa e, certamente, marcante.

Como muitos que aqui vêm já sabem, no dia 05 de junho foi meu aniversário. Dia de semana, dia de labuta, não haveria "nada demais". "Algo demais" significa... f-e-s-t-a! Não dá para fazer festa numa segunda. Além disso, eu já havia ido numa MUITO BOA no sábado, em Belo Horizonte e, mais ainda, a minha festa estava (e está) marcada para o sábado seguinte, dia 10 de junho. Iria na segunda-feira apenas a um restaurante no qual Clítia já havia feito reserva.

Mas não sabia que havia um "sensor de sei-lá-o-que" no motor do carro, sensor (esse invejoso) que também resolveu parar para descansar (e não mais voltar a trabalhar) quando fiz uma "escala" numa lanchonete da estrada, no domingo à tarde, voltando para o Rio.

Deixadas burocracias da vida e sentimentos de impotência de lado, frente a elementos que achávamos que iriam funcionar (e nem falo mais do sensor), os viajantes dividiram-se em dois conjuntos: um, composto por uma jovem e querida moça, seu irmão (meu cunhado) e nossa cachorrinha, seguiram viagem para o Rio, na carona de uma boa alma que se viu na mesma situação em que estávamos (mas que teve seu carro consertado) , e outra parte, formado por um único sujeito, que teve que ficar em Barbacena, num hotel, aguardando o conserto. Tal decisão envolveu algumas horas de debate que foram passadas, ainda que em vão, na esperança de fazer o "sensor sei-lá-do-que" funcionar.

Caso você não saiba, eis aqui uma revelação: conserto de automóvel é igual a obra em casa; sempre demora mais que o previsto. Daí que, achando que antes do meio-dia estaria livre, acabei saindo daquela cidade mineira apenas às 7 horas da noite! mas, como disse na introdução, foi um dia atípico e proveitoso. Já que o exílio era inevitável, acordei cedo, tomei um bom café da manhã de hotel (coisa que costuma ser sempre boa), peguei a câmera e sai clicando Barbacena e seu povo; avistei uma igreja ao longe, numa elevação. Uma moça me disse que o nome era igreja "da boa morte" nome que sempre acho estranho. Fui lá ver. Junto à igreja é que notei um arrumadinho e tranqüilo (como soi ser) cemitério em seus fundos. Visitei-o também e, por estranho que possa parecer a um ou outro, encontrei paz ali, onde duas senhoras rezavam o Pai-nosso frente a um jazigo e uma moça pranteava um ente amado em outro; fiquei com pena dela mas minutos depois tive conforto ao vê-la, já fora do campo santo, conversando normalmente com um senhor. Sua vida continuava, afinal das contas.

Após essa nota de pesar e resignação caminhei longamente, visitei as igrejas e acabei chegando ao campus da Escola Agrotécnica de Barbacena, um bonito prédio com uma boa vista da cidade. No meio da tarde rumei para a oficina, aguardando pacientemente a cirurgia que faziam nas entranhas automotivas. Às 19 horas consegui seguir caminho com meu companheiro sensor (verdadeiro censor) e após três horas de incertezas na estrada vazia (segunda à noite, imagine só...) finalmente cheguei em casa, divisando, apenas às 22 horas do dia do aniversário, um rosto conhecido!

Enfim, sempre que possível temos a obrigação de fazer de uma falta algo que dê prazer. Quando o inesperado surge devemos organizar a urgência e, nos casos possíveis, aproveitar em nosso favor o novo caminho. Nem que seja numa terra desconhecida, no dia do aniversário.

Jogos modernos

Não me pergunte pelo nome de alguma música. Não me peça para cantar um refrão ou cantarolar uma melodia. Não tenho a menor idéia sobre suas composições e, seu maior sucesso, do qual escutei um trecho nesses dias, nunca tinha ouvido.

Mas me lembro do Rodrigo - embora não recordasse espontaneamente seu nome - com seus dez ou onze anos, jogando video game com meu irmão, lá na Morada do Sol, em botafogo.

Eu, já adolescente, costumava ir lá visitar meu pai, meus irmãos. Algumas vezes encontrei com o Rodrigo, futuro (e agora ex) guitarrista dos Detonautas, um garoto simpático e educado. Sua expressão já era essa que vimos aí nos jornais, embora sem a cabeleira, essa longeva marca registrada da rebeldia do rock.

Isso foi há quase vinte anos. Tudo mudou, até os games. Hoje a sua temática é sobre combates de infantaria, rachas de automóveis, simuladores de batalha. Naquela época os garotos, lá no bloco B do enorme condomínio, jogavam "Mr. Postman", onde um personagem pré-Mario Bros tinha que percorrer caminhos sinuosos para entregar uma correspondência...

O caminho do Rodrigo Netto terminou, foi terminado. E a gente se mantém inerte, só se perguntando quando será a nossa vez e, quando chegar, como será nossa reação.

quinta-feira, junho 01, 2006

Self-service quem puder

Olha, não se trata de ser elitista ou, menos ainda, esnobe. Não direi “odeio e não vou” porque já fui várias vezes, irei outras tantas e até aprecio um ou outro (tem o velho Couve-flor, no horto, do qual ando distanciado e, ao menos em priscas eras, era ótimo; tem ainda o Fellini, na General Urquiza...). Mas afirmo convictamente: não me apetecem os restaurantes a peso. Ou melhor: embora nossa vida seja atribulada e o tempo constantemente seja menor que o necessário, é muito ruim almoçar durante a semana naqueles restaurantes com sistema self-service (sistema “serve-serve”, acho ótimo) do centro e arredores.

Ontem fui almoçar sozinho, o que, se para mim não é uma tragédia, também não é o ideal. Conversar com alguém é sempre proveitoso. Mas, sozinho, cheguei ao restaurante, misto de lanchonete (na entrada), de serviço à la carte (no primeiro andar) e, no andar superior, de restaurante a peso. Costumo almoçar lá por baixo; o salão é bem menor e você come direito: senta, cumprimenta o garçon, pede o de costume, aguarda alguns minutos pensando nas coisas do dia, ou do tempo, ou da vida, ou ainda lê algo que traz consigo; chega o pedido, almoça sem atropelo, pede a conta, toma eventualmente um café e se vai. Agora, o perfil do “serve-serve”: sobe a escadinha íngreme – rezando para ninguém descer naquele momento. Tendo chegado ao salão, disputa um prato da pilha; olha para o longo móvel refrigerado e aquecido onde estão dispostas saladas, carnes, molhos; escolhe qual fila vai encarar primeiro: pratos quentes, pratos frios; fica ali, com cara de paisagem, prato vazio na mão, esperando sua vez (o que sempre me lembra filmes de presídio ou quartel); se quiser churrasco, uma fila a mais. A seguir, avança para a fila da balança; “oi”, “a comanda...”, “ah, sim...”.

Então atingimos o clímax do “serve-serve”: encontrar mesa! Como ave de rapina você busca um lugar... “Aqui não, ali está cheio... será que tem vaga lá no fundo?”. Finalmente encontra uma brecha e das duas, uma: ou é uma mesa vazia mas na qual você terá sua privacidade só por poucos minutos ou segundos ou já tem alguém sentado e você é quem vai importunar o outro. Então se senta à mesa, sendo que a próxima está a não mais que 50 centímetros de distância. Mas, a despeito da aglomeração, você não precisa falar baixo com seu possível acompanhante; a barulheira impede até que você se concentre naquelas coisas da vida, do dia e etc, citadas no parágrafo anterior. Vamos comendo preocupados com a fila do caixa que já se compõe por diversos recém-ex-comensais. Desânimo...

No meu caso específico ainda tem o agravante da proximidade da Copa. O restaurante que freqüento instalou as indefectíveis TVs (agora de plasma, 42 polegadas!) e anuncia pelas paredes os jogos da Copa, me convocando a trazer os amigos... Enquanto a Copa não chega, vídeos de música. Num dia Kid Abelha, noutro Ivete Sangalo (ritmo “perfeito” para almoço) e ontem George Benson. “Ah sim”, dirá, “George Benson tem seu valor como acompanhamento gastronômico”. Mas a voz do George tentando ser ouvido, misturando-se ao burburinho dos clientes, ao trânsito frenético das garçonetes, à longa fila da bóia, da balança, do pagamento... aquilo começa a girar, como numa cena de pesadelo de filme... Nessa hora tenho saudade do meu jantarzinho em casa, tranqüilo, em silêncio ou, se muito, uma musiquinha baixa... ô coisa boa.