terça-feira, outubro 31, 2006

Houve um anjo no meio do caminho. Ainda bem.

No final de semana li que algumas famílias daqui do Rio já instituíram um "código de emergência" contra os telefonemas-trotes, cada vez mais comuns, que noticiam um acidente com algum "ente querido". (Para quem está longe e ainda não sabe, bandidos - muitas vezes de dentro de prisões! - ligam aleatoriamente para um número e, inventando uma história qualquer [se dizendo ser da companhia telefônica, por exemplo], obtêm informações sobre os moradores da casa e depois se colocam a fazer chantagem. Noutras vezes se dizem ser do corpo de bombeiros ou da polícia e que estão com um "ente querido" desfalecido em algum acidente na rua. Pedem para confirmar tipo do carro e nome de pessoas - geralmente filhos - e, de posse dessas informações, exigem dinheiro). Algumas famílias, portanto, criaram códigos, como dizer que está com asma ou outra frase qualquer, que provem que a pessoa está, realmente, em poder de seqüestradores. (É assim a vida na selva; não se assustem, vocês de longe)

Estava a pensar sobre esses casos e lembrei de algo incrível que ocorreu há algumas semanas. Encontrávamos eu e um amigo, além de nossas mulheres, em um bar na gávea. Eu e ele conversávamos justamente sobre esses casos de trotes quando seu celular tocou. Ele examinou, o número era "oculto" (como costuma ser nesses casos de extorsão) e era uma ligação a cobrar (como sempre é). Resolveu não atender. Não demos muita bola para isso, continuando a conversar. Uns dez minutos depois, toca novamente. Nova ligação de número oculto e a cobrar. Ele atende. Foi inacreditável: "Boa noite... aqui é do corpo de bombeiros. O senhor possui algum ‘ente querido’ (não sei o motivo de sempre dizerem "ente querido") na rua a essa hora?". Meu amigo solicitou algumas informações e o sujeito acabou desligando. Então, não custa lembrar: não acreditem em ligações terroristas. Certifiquem-se sobre qualquer informação antes de tomar qualquer medida. Se começarem a fazer ameaças, simplesmente desliguem.

Mas para não ficar só nesse tema sombrio e inoportuno (mas de citação necessária para a prevenção), mudo absolutamente de foco, mirando um assunto que nos faz ser gente de verdade e não apenas bestas vestidas:

Hoje, 31 de agosto, Carlos Drummond de Andrade faria, se estivesse vivo, 104 anos. Um mineiro que aos trinta e poucos anos veio morar no Rio de Janeiro e que soube, como poucos, observar a alma humana, nosso comportamento, suas aspirações, tristezas e paixões. A conflituosa rotina da vida, aqui e alhures, fê-lo (ih, me inspirei!) escrever o "Poema de sete faces" onde, já em sua primeira estrofe, Drummond demonstrava o embate entre seu interior e o mundo: "Quando nasci, um anjo torto / desses que vivem na sombra / disse: Vai, Carlos!, ser gauche na vida." (do francês, "esquerdo", "torto", "inepto", ou seja, neste sentido, aquele que está à margem da realidade e com ela tem dificuldade de se comunicar).
No turbilhão do cotidiano, são esses "gauches" que nutrem nossa alma de energia, bem-estar e esperança. Escrevi que o poeta e cronista Carlos Drummond completaria 104 hoje. Mas ele está aqui, de fato, já que sua mensagem (sua essência) está à nossa volta, para sempre. Amém.

sexta-feira, outubro 27, 2006

Sinal dos tempos? mas quais?

Não sei se é a etiqueta dos novos ou dos velhos (e bons?) tempos mas acho que cada coisa (e cada um) tem seu lugar. Daí que, talvez, o fabricante esteja certo...

Pensem sobre isso no final de semana, entre um enxágüe e outro... hehehe

quinta-feira, outubro 26, 2006

Fogueira sem muitas vaidades

Hoje fez um daqueles dias de Rio-Rio (explico a ênfase: Rio, quando é mais Rio. Explico a explicação: um calor dos diabos! 'tendeu?).

E por causa do calor senegalesco, o caso: "Mendigos invadem Souza Aguiar [para os de longe: um dos maiores - talvez o maior - hospital público com emergência dessas paragens] para tomar banho". Na verdade, um grupo de 15 "homeless" (agora tô gostando desse termo, notaram?) entrou no pátio da emergência do hospital e se dirigiu para banheiros químicos a fim de se refrescar devido ao grande calor que fez na cidade nesta quinta-feira. Os guardinhas do hospital foram lá e expulsaram a turma toda, homens e mulheres acalorados.

E quem que a notícia me trouxe à mente? pois é... a dona Maria Dora deve estar cheia de certezas por essa hora, do tipo "eu não disse?!?!".

Agora, e essa expressão que usei ali em cima, "calor senegalesco"? eu queria saber o por quê de sempre citar o pobre do Senegal numa hora dessas. Ok, é claro que é um país quente e africano (acho que cometi uma redundância). Mas por que não citar tantos outros que lá há?

Pois sentencio aqui, e assim ficará: hoje no Rio fez um calor congolês, serra leonês, egípcio (taí, boa lembrança), marroquino, moçambicano e por aí vai.

terça-feira, outubro 24, 2006

Máscaras

A questão já tinha me afligido dia desses. “Afligir” é, decerto, termo exagerado, mas empresta impacto à assertiva. Tinha, na verdade, apenas pensado sobre o assunto, imaginando o que seria melhor para o convívio: se pessoas medianamente equilibradas até onde sabemos (e aí vai surgindo o problema) ou pessoas declaradamente fora de um padrão médio de “normalidade”, com algumas opiniões medianas, politicamente corretas (e “politicamente” é palavra, por seu turno, muito bem aplicada), mas que, vez por outra, tomam atitudes e posicionamentos dramáticos, difíceis de engolir ou defender.

A questão, numa abordagem ampla, antes de rumar para o particular, é a seguinte: o que é preferível, políticos como Alckmin e Lula que mantêm “as aparências”, têm discursos corretos, mas TODOS sabem que – se não pessoalmente certamente seus partidos, personificados em seus membros – têm lá seus intentos nebulosos, inescusáveis, inconfessáveis; ou preferível é o político (na verdade “para-político”, não políticos profissionais) como o general João Figueiredo que, sem o peso das urnas para lhe aporrinhar, dizia, no focinho de qualquer um, que “preferia o cheiro dos cavalos ao do povo”?

É claro que tal questão é meramente retórica. Com alguma rara exceção, preferimos Lula, Collor, Sarney, FHC ou até mesmo Garotinho (aaargh!) àqueles oficiais comandantes, mandando em tudo. Mas, retirando a questão dos “desígnios da Nação”, ficamos com algo mais flat, mais específico: melhor são pessoas agradáveis, mas fingidas, ou pessoas “rudes” porém transparentes, verdadeiras, do tipo “sabemos onde estamos pisando”? É uma questão...

No entanto, ao cabo de tanta argumentação, não era esse o ponto a que procuro chegar. Junto a isso tudo, surge em minhas silenciosas ponderações ao volante a dona Maria Dora, cuja reação à bala a um assalto, no bairro do flamengo, vem tomando manchetes da editoria Rio dos jornais e telejornais. O assunto foi bem abordado – e contado – no “zeromeiaum” (link aí à direita) da Patrícia Cunegundes, em seu post cujo título dá perfeita noção da opinião da autora e, espero, de grande maioria: “O fascista que existe dentro de cada um de nós”. Em resumo, é o seguinte: após reagir à bala a um assalto, a senhora de 67 anos foi condecorada (tenho urticária do povo do Viva Rio e seus direitos humanos para os bandidos, mas tal ato da Câmara é muito discutível...) pela Câmara dos Vereadores carioca, com uma medalha por bravura ou algo que o valha. Durante a solenidade, ontem, disse a senhora que não admite mendigos (“homeless”, para os distantes) em sua rua e que esses despossuídos deveriam ser colocados num navio e “despejados” em alto-mar.

Bom: a questão inicial (a reação à bala) é por muita gente aplaudida – todos conscientes do perigo etc e tal – inclusive por mim. A condecoração é discutível. Agora, essa declaração? Não dá para defender, embora...

E aqui retorno ao mote inicial: é tanta mentira, tanta falsidade, são tantas máscaras e falta de hombridade... Essa dona Maria Dora expôs sua opinião, dura, crua, dramaticamente “anti-política”, fascista. Mas, ao menos, é uma verdade! A personalíssima e indefensável verdade da dona Maria mas, na qualidade de verdade, quase uma redenção: alguém diz publicamente sua verdade! Dona Maria, sempre de cara fechada – ao menos nas fotos – declara (talvez pela isenção que sua idade já concede): “eu sou assim e acho isso”. (Espero não ler na manchete do dia seguinte a dona Maria se explicando. Cairia por terra essa Vênus do avesso, anti-heroína chamuscada, Derci do balneário).

E ficamos assim: loas para uma verdade, ainda que tão desarrazoada.

Um novo dia. Eis o que é.

Rio de Janeiro, 24 de outubro, 6 da matina. Rio, terra, mar e ar. Tudo o que temos. E vamos nessa; "vem, vambora", como diz a Calcanhoto.

segunda-feira, outubro 23, 2006

"Procura outro. Esse aqui eu vi primeiro"

Minha gente, não posso deixar de citar mais essa notícia. Dessa vez não é em algum jornal ou site obscuro. Está n' O Globo de hoje, segunda-feira.

"Bando leva carro na Tijuca que já estava em poder de assaltantes" - "Nem os bandidos estão livres de assaltos no Rio. Em um caso considerado inusitado até pela polícia, assaltantes levaram na noite de sábado um carro que já estava em poder de criminosos. No veículo, as quatro vítimas (rendidas minutos antes - um casal de irmãos com seus filhos) acompanharam a concorrência dos bandidos. (...) Rendidos por dois homens armados com revólveres, foram levados pela dupla. Quinhentos metros depois o Astra foi fechado por um Peugeot 206, do qual desceram três homens armados com pistolas. Ao ser abordado, o bandido ao volante disse que o carro já estava sendo roubado (!!!!), mas foi tirado à força do veículo pelo rival. O cúmplice do primeiro ladrão desceu correndo, levando bolsas e celulares, mas deixando sua arma para trás. Após as vítimas descerem do carro, o segundo bando fugiu com o carro" (que foi encontrado abandonado, na manhã de domingo, ainda na Tijuca).

A frase (algo assim) "Ae cumpadi, sai fora porque eu já sou o assaltante desse carro aqui", é antológica. E não posso deixar de expressar: "a que ponto chegamos...".

domingo, outubro 22, 2006

Vitórias

Essa vitória de Felipe Massa lembrou as históricas conquistas do mítico Ayrton Senna. O gesto de Massa, ao parar logo após a linha de chegada e pegar a primeira bandeira brasileira que lhe ofereceram – imagem embalada pelo indefectível “tema da vitória” – fez sentir saudades de Senna e me lembrou daquele domingo de maio de 1994, quando fui passar o final de semana em Teresópolis para um churrasco de aniversário. Antes de partir, na sexta à noite, tomei a precaução de me certificar se havia, ou não, TV na casa. Como não havia, levei uma de 14 polegadas para assistir à corrida no domingo cedo e, através nela, vi a morte do ídolo. E chorei bem ali, sentado no sofá da sala, com muita tristeza e desalento, como se alguém muito caro e próximo estivesse ali, morto.
É sempre bom ver uma vitória brasileira em qualquer esporte e nós, meninos embalados pelas vitórias de Nelson Piquet e principalmente de Ayrton Senna (sem esquecer do Emerson) nos sentimos felizes de poder sonhar com novo tempo de vitórias num esporte tão “primeiro mundo”.

Foi muito bom rever a bandeirinha no cockpit e ouvir o “tamtamtam, tamtamtam”!

-o-o-

O Mengão também venceu - e bem - o que fez do domingo (embora chuvoso) um dia nota 10!

quinta-feira, outubro 19, 2006

Jeitinho, uma pitada de malandragem e (falta de) graça

“... mas não vou acender agora. Se segura malandro, pra fazer a cabeça tem hora.”
“... que coisa mais linda, mais cheia de graça, é ela menina que vem e que passa...”

Na segunda-feira cumpri o ritual. Postei-me na fila do consulado, ali no início da rua México, para horas e horas de espera, e senha, e outra fila, e guichê, e digital no leitor ótico, espera de novo, senta, conversa, muda de lugar e, lá pro início da tarde, uma entrevista de um minuto, se tanto. Pronto, agora tenho visto renovado. Uncle Sam, here we go again.

Como alguns de vocês talvez tenham lido lá no texto “One day at the races e...”, procuro, na medida do possível, fazer de uma falta (um problema ou contratempo) algo que dê prazer. Dessa forma, se você não é alguém muito, muito famoso, a fila do consulado americano é a opção única para obtenção do salvo-conduto para os EUA. E como todos sabem, é uma fila “de responsa”. Mas diferente de todo mundo, eu não sabia. Ou melhor, sempre soube que era longa (e já a enfrentei mais de uma vez) mas cultivava a esperança de estar um pouco melhor, mais célere. Tanto que ao deixar o carro ali perto, na avenida Beira-Mar, disse pro guardador “deixa pra volta, não vou demorar!”... Bom, já que a espera era inevitável, "vem, vambora" relaxar (diria a Calcanhoto).

Cheguei por volta das 8:30 da madrugada. A fila tinha uns 20 metros, algo assim. Primeira providência: arrumar os tais formulários para preencher ali mesmo e que ainda não os tinha (naquela manhã, bem cedo, a lei de Murphy havia me atingido: fui imprimir em casa os formulários e... acabou a tinta! Perigo, perigo! estresse, estresse!). Obtidos os formulários, hora de preencher. Perguntas de praxe e aquelas questões sobre querer praticar algum atentado nos states ou ter participado de algum genocídio. Não, não, não! Nego tuuudo!

Pronto, consegui ocupar meus 10 primeiros minutos de espera. E agora? À minha frente, um jovem casal, uns 30 anos. O rapaz parecendo paulista, terno elegante, gel no cabelo, rosto escanhoado, óclinhos. A moça seguindo o padrão “jovem advogada” ou jovem-profissional-de-qualquer-área-na-qual-se-deve-impressionar-positivamente-o-cliente. Bem postados, na vida e ali, resignadamente na fila. Logo atrás, um casal levemente passados dos 50 anos. Noto uma leve aflição nesses últimos e escuto seu dilema: “você me espera aqui; eu vou ao banco pagar a taxa”; “tá... tem uma agência [do Citibank – único lugar onde se pode pagar a taxa de US$ 100] lá na rua da Assembléia”. Intrometo-me, com o espírito samaritano: “olha, tem uma agência nova aqui perto, na Araújo Porto Alegre, logo ali ó, à direita”. Mas saliento que àquela hora (quase nove) estaria fechada; “só às 10”. Eles entendem que (apenas) a nova agência abriria às 10 horas já que o senhor diz, “ahhh... passei pela outra agência, já está aberta...”. Aberta?? É óbvio que não! Decerto viu alguém entrando para os caixas automáticos e presumiu os caixas humanos funcionando. Fico desconcertado. Onde vive essa gente que não sabe o horário bancário? Coisa incrível... Pelo sim, pelo não, dentro de alguns minutos parte a senhora, sabe-se lá para qual agência.

“Já pagou a taxa?”, perguntam uns camaradas que percorrem a fila, mostrando uma folha de taxa paga. Já, já, já, já, todos pagaram. Surgem outros: “tem foto? tem foto?”. O senhor de trás, agora sozinho, não tinha. “Mas vou esperar minha mulher voltar”. “Não, não, vamos logo, é rapidinho”. “Onde?”. “Ali, do outro lado [da rua]”. Foram. Observo. No meio da calçada do lado de lá um fundo branco grudado com ventosas na fachada do prédio decano faz o trabalho de estúdio. Momentos depois, quando volto a olhar, já vem voltando o senhor com a foto para o passaporte. Valor da película: vin-te reais. É aquilo: “vou apertar mas não vou acender agora”.

Sem contar os cambistas de taxa e foto, tem ainda, já há longa data, a barraquinha para guarda de volumes (bolsas, celulares, et al) que não podem adentrar o consulado. Até onde sei, o barraqueiro já teve seus dias de glória. No entanto há alguns meses o Cônsul se dispôs a guardar os badulaques do povo. Ainda assim, resiste lá a barraca à espera de algum incauto, provavelmente.

No meio disso tudo, a moça jovem-advogada resolve se mexer. Afinal já estamos há cerca de uma hora por ali. Bem à minha frente, saca o celular. Na altura dos olhos começa a escrever uma mensagem a qual, em explícita invasão de privacidade e da qual não consigo fugir, sou obrigado a ler. “Fulano, estou passando mal, só vou trabalhar à tarde. Se alguém perguntar por mim, me avise”. Ora, ora, mentindo hein, garota?... Por que não dizer, com antecedência, “olha na segunda, dia tal, daqui a dois meses, vou ter que ir ao consulado, blábláblá”? Continuando assim, sua carreira não vai longe lá no escritório...

Mensagem enviada, hora de cuidar da aparência (somos do terceiro mundo mas somos arrumadinhos). Mocinha saca seu espelho de maquiagem; pega uma pinça no fundo da bolsa; encosta-se no muro baixo que circunda o consulado e põe-se a fazer as sobrancelhas! Assim, no meio da rua, “tô nem aí, tô nem aí”. O noivo (isso descobri depois) impávido, aparentemente achando normal. Ih, esse vai sofrer. “... mais cheia de graça (...) num doce balanço, a caminho do mar...”

Bom, lá dentro, é aquilo que já disse: entra numa filinha, dá papel. Senta; vai num guichê, digital; volta para a fila e no final conversa um minuto e vai embora. Mas não sem mais uma pitada do jeitinho: faltam poucos para serem atendidos. Uma menina à minha frente comenta algo com um segurança do consulado sobre a longa espera. Ele diz, para todos nós: “Ah, mas agora é melhor, fica mais fácil. Eles (os gringos da entrevista) já estão mais cansados, são menos rigorosos”. “Hum, será?”, penso.

quarta-feira, outubro 18, 2006

Chup, chup, chup

Olha, quem levantou essa bola não fui eu. Podem colocar na conta da Patrícia Cunegundes que, em seu ótimo blog “zeromeiaum” (link ao lado), surgiu com a história do “maníaco do dedo”. Agora acompanho a carreira do fora-da-lei. Segue abaixo a última notícia sobre este afamado meliante digital.

-o-o-

Maníaco do Dedo ataca mulher de 50 anos em Mesquita. Mais seis vítimas registram queixa

"Rio - O Maníaco do Dedo — taradão que está aterrorizando as mulheres na Baixada Fluminense — fez sete novas vítimas. Uma delas é mulher de 50 anos, moradora de Mesquita.

A vítima contou aos agentes da 58ª DP (Posse) que o criminoso invadiu sua casa de madrugada e foi direto ao quarto. Lá, pediu que ela calçasse um sapato alto, para depois tirá-lo e, como faz em todos os ataques, chupar os dedos dos pés da vítima.

Dessa vez, o Maníaco do Dedo não deixou um recado obsceno escrito na parede [os recados obscenos eram "seus dedos são muitos gostosos"], como vinha fazendo. Desde junho do ano passado, o safado já fez 31 vítimas, nos municípios de Nova Iguaçu, Mesquita e Nilópolis.

Além dessa vítima, outras seis mulheres compareceram à delegacia nesta terça-feira para registrar ocorrência: quatro de Nilópolis e duas de Comendador Soares, em Nova Iguaçu. Segundo a polícia, as vítimas ouvidas nesta terça na delegacia não foram estupradas, mas todas tiveram os dedos chupados. Algumas delas reagiram ao ataque gritando e conseguiram espantar o tarado."

sexta-feira, outubro 13, 2006

Ladrões de sonhos?

Volto ao tema do avião da Gol que caiu em meio à selva amazônica. Volto não para discutir o caso em si, a dinâmica da colisão, o espanto e tristeza de muitos ou a culpa desse ou daquele. No entanto o número de falecimentos serve como termo de comparação com outra coisa bem menos grave – porque ao menos intrinsecamente não envolve vidas – mas muito presente em nosso dia-a-dia e, bem ou mal, importante, visto que mexe com os sonhos e esperanças de tantos milhões de brasileiros semanalmente. Espero estar MUITO errado, mas estou intrigado.

Não sei se vocês notaram, mas nesse acidente morreram pessoas que diretamente ou indiretamente nós conhecemos. Eu, particularmente, não conhecia ninguém, mas entre aqueles passageiros estavam muitos conhecidos ou amigos dos amigos. Nessas duas semanas já ouvi (e li) muitas histórias e sem esforço, cito três presentes naquele vôo: um funcionário do cunhado de uma amiga minha; o ex-namorado de uma amiga do meu irmão; e um ex-dentista do meu pai, lá do Espírito Santo. Agora mesmo, ao ler o blog da Teresa, “La vie est belle” (link aí ao lado), tomei conhecimento de mais uma pessoa falecida no acidente que, afinal, é “amigo do amigo”.

Pois bem. Essa constatação fúnebre me levou a uma impressão que, se verdadeira, cobriria uma de nossas certezas basilares (como sociedade) com o manto negro do escândalo e da completa descrença (além do que, provavelmente traria consigo uma revolta de conseqüências inimagináveis). Faço, portanto, uma singela pergunta, mas que está a me afligir: alguém aí já conheceu um ganhador de mega-sena ou prêmio equivalente?

Parece algo desprezível e aparentemente até mesquinho frente àquela tragédia. Mas a possibilidade de existir um embuste torna a questão dramática. Espero que alguém diga ao menos “sim, tinha um sujeito no meu bairro, o qual eu nem conhecia mas todo mundo falou, que ganhou x milhões da mega-sena e sumiu, levou toda a família, etc etc etc”. Será possível que em tantos anos de quina (lembram-se?), sena ou mega-sena NINGUÉM conheça, nem de longe, algum nouveau rich da loteria? Espero que essa minha dúvida seja absurda e infundadíssima, mas dá um certo temor... Ocasionalmente surgem histórias sobre movimentos escusos em relação ao sorteio de “mega-senas” da vida. Sabemos que fabulosas somas de dinheiro costumam envolver interesses do mesmo quilate. Interesses que não medem nenhum tipo de conseqüência para dirigir os efeitos de acordo com sua vontade. Talvez sejam apenas boatos, como tantos que existem por aí.

Mas que é uma questão curiosa, isso é.

quarta-feira, outubro 11, 2006

Paaaarabéns pra você!

Hoje é aniversário da minha mãe. É bom não ser mais um garotinho (como era na foto) mas, ainda assim, continuar a ter os pais aí, na área, firmes e fortes.

Mil beijos para ela e mil parabéns. Hoje não deu para encontrá-la mas amanhã é um feriado que sempre vem bem a calhar.

:-)

segunda-feira, outubro 09, 2006

De camisinhas, teletransporte e mais um pouco

No sábado fui com minha mulher a Belo Horizonte e notei que o acidente do avião da Gol ainda ecoa forte em mim. Ao terminar o check-in, a mocinha da TAM nos desejou um “bom vôo”. Caminhando rumo ao salão de embarque, fui divagando: “um bom vôo? Opa, se ela desejou um bom vôo é porque pode haver um ‘mau vôo’, não é?”. Matutando sobre o assunto, continuei, enquanto um camarada passava o detector de metais pela moedinha que levava num bolso e na fivela do cinto: “mas o que seria um ‘mau vôo’, então?”. Bem, como tinha uma fortíssima impressão sobre qual seria a resposta, resolvi deixar pra lá e ir folhear uns livros e revistas na La Selva. Cheguei são e salvo à capital mineira e agora estou de volta em casa. O desejo da mocinha se concretizou. :-)

É claro que um acidente, por mais brutal, doloroso e inconcebível que seja – como esse – não desmancha as certezas calcadas nas evidências. O avião é um meio muitíssimo seguro de transporte e, por sua própria natureza – trafegar tão “descolado” da terra firme – não teria alcançado o sucesso que tem se não fosse, desde seu primórdio – há cerca de cem anos! – um meio eficiente de deslocamento. Acontece que existe aquela frase célebre atribuída a Cícero, orador romano: “À mulher de César não basta ser honesta. Precisa parecer honesta”. Daí que não basta saber que aviões não caem. Todos têm que estar convictos disso.

-o-o-

E o debate desse último domingo? Não vi inteiro, apenas o trecho final. Mas parece que Alckmin se saiu melhor. As análises que li posteriormente dizem o mesmo. Mas está tudo tão misturado... Lula é apoiado por Sérgio Cabral Filho que é aliado (e tem como cacique estadual) o sr. Garotinho que, por sua vez, apóia abertamente Alckmin. E a Roseana Sarney que, sendo do PFL, apóia animadamente a reeleição de Lula?

Devo repetir meu voto em Alckmin, mas a gente fica olhando...

-o-o-

Notícias tre-pi-dan-tes da semana passada! Pela primeira vez cientistas (de algum país rico, naturalmente, mas que esqueci qual) conseguiram teletransportar (uhuu!) luz e matéria ao mesmo tempo. O objeto (não revelado) era macroscópico e foi perfeitamente transportado numa distância de 50 centímetros. Parece (e é!) pouco mas o teste anterior, há dois anos, tinha teletransportado alguns átomos por uma distância mínima, só captada por instrumentos.

Essa coisa de teletransporte parece assunto de ficção científica e fico imaginando um futuro, com viagens instantâneas, pulando daqui pra lá e vice-versa (hum... será que vão aposentar os aviões?!).

No mesmo dia em que li sobre o teletransporte, chegou-me outra notícia típica de ficção fantástica mas “levemente” menos plausível. O anúncio veio por e-mail, convidando para um evento que aconteceria na sexta-feira passada, dia 6, em Niterói. Transcrevo aqui alguns trechos: “O renomado escritor e conferencista espiritualista Jan Val Ellam, pseudônimo de Rogério de Almeida Freitas, fez revelações bombásticas recentemente à revista UFO, sobre o futuro do planeta Terra. Segundo informações a que ele teve acesso, originárias de seus mentores espirituais e extraterrestres, um grande momento para a raça humana se aproxima: o contato oficial e definitivo com civilizações cósmicas superiores. O processo já estaria em curso e centenas de naves se aproximam da Terra para grande manifestação nos próximos meses. ‘Tudo ocorrerá entre novembro de 2006 e abril de 2007’, disse Ellam em sua longa e detalhada entrevista. VENHA DEBATER ESTAS REVELAÇÕES E SUAS REPERCUSSÕES. 6 de Outubro (sexta-feira), das 18:30 às 22 Horas. Rua Miguel de Frias, etc etc etc”.

Eu adoro a passagem “centenas de naves se aproximam da Terra”. Beleza, vou largar tudo e esperar nossos amigos “ET phone home”. Anote aí na sua agenda. Vai ser uma loucura!

Para terminar, vejam que notícia mais contra a corrente (e é claro que ao final o jornalista diz que mais importante que a satisfação é a saúde, blábláblá, mas o que interessa já foi dito): trabalho de pesquisadores de uma universidade-de-algum-país-rico (o qual também já esqueci o nome) descobriu que as mulheres cujos parceiros transam SEM camisinha são mais felizes que aquelas que transam com parceiros COM camisinha!!! acontece que o motivo é bem mais “científico” do que se pode imaginar à primeira vista. De acordo com a pesquisa, a mucosa vaginal é capaz de absorver hormônios presentes no sêmen e que aumentam o bem-estar feminino.

Agora essa... Mesmo com todo o perigo que existe essa notícia pode ser mais um elemento argumentativo daqueles que são contra quaisquer meios de contracepção artificial. Que coisa...

terça-feira, outubro 03, 2006

E a eleição, hein?

Sempre que ocorre algo negativo ou pelo menos diferente aparece muita gente para dizer “ah, só no Brasil para acontecer uma coisa dessas” ou, no mesmo mote, “esse país não é sério mesmo” e ainda “que povinho!”. Neste momento o motivo das exclamações é a eleição de algumas figuras "peculiares", famosas por outros motivos que não propriamente sua íntegra atuação política.

Muito tem se criticado o enorme (e por isso multifacetado) eleitorado paulista por haver eleito para a câmara federal, entre tantos outros, o cantor Frank Aguiar, Enéas, Paulo Maluf e o mais lembrado, Clodovil (sim, ele, o estilista). Há também críticas pela eleição de Jader Barbalho lá no Pará ou do ex-presidente Collor para Senador, em Alagoas. Perante tais novas autoridades poderia ser dito que “brasileiro não sabe votar”. Mas e a contrapartida?

Os brasileiros também impediram Severino Cavalcanti de voltar para o Congresso, de onde saiu certo de que iria voltar pelas mãos de seu humilde eleitorado do sertão nordestino. No entanto... Outro menos famoso - mas não menos nefasto - que não voltou para Brasília foi o presidente do Vasco da Gama, Eurico Miranda. E a deputada dançarina (do PT de... SP!) Angela Guadagnin agora terá que procurar outra pista para demonstrar seus passos. Como esses, vários outros (a grande maioria dos envolvidos no escândalo dos sanguessugas, por exemplo), não foram eleitos. Então nesse caso o eleitorado foi sábio e nos outros não? Não acho nem uma coisa nem outra. A eleição de figuras de vulto nebuloso ou “estranhas” ocorre em qualquer lugar. Países de primeiro mundo elegem ultraconservadores de direita (França) ou até mesmo notória prostituta como nos anos 80 na Itália – Cicciolina. Já os norte-americanos votaram pela reeleição de George Bush mesmo depois da “guerra” (prefiro “invasão”) do Iraque. Que tal?

O exercício do voto é sempre positivo e nos faz bem como povo e Nação. Embora com tanta decepção e choques com sucessivos escândalos, os brasileiros têm interesse e confiança na mudança para melhor através do voto. Isso ficou claro no baixo índice de abstenção ou perda do voto (principalmente em comparação com a campanha que alguns fizeram pelo - inútil - voto nulo). O segundo turno será bem-vindo, tanto em âmbito estadual (aqui no Rio e em alguns estados) como no federal. Vamos assistir, discutir e tentar melhorar nosso país.

domingo, outubro 01, 2006

Por tão pouco...

Em primeira mão, as fotos do Legacy na base aérea no Mato Grosso. Na foto superior o winglet danificado pelo choque com o 737 da Gol.

(winglet: aerofólio montado na ponta das asas de alguns aviões com a finalidade de diminuir a turbulência criada a partir daquele local devido ao deslocamento da aeronave. A turbulência aumenta o arrasto - força contrária ao deslocamento - resultando em maior consumo de combustível)