"Minha mãe vem aí. Mas ela vem com o namorado que ela não gosta porque o que ela gosta é casado".
...
(Declaração efetuada nessa semana, autoria de "X", mocinha de 12 anos cuja mãe mora em outra cidade)
Me permito destrinchá-la (a frase, não a mãe, a outra cidade ou muito menos a mocinha): "minha mãe vem aí (...) com o namorado"; ok, uma frase corriqueira já há algumas décadas. Mas que, ainda assim, foge ao padrão "histórico". Continuemos.
"Minha mãe vem aí com o namorado que ela não gosta". Hum... então há outro consorte mas, por motivos até então ocultos, ela vem com o menos... prestigiado. Além disso, por que namorar alguém de quem não se gosta? ah, aí é mistério insondável... Vamos em frente, em busca de alguma elucidação.
"(Ela) vem aí com o namorado que não gosta porque o que ela gosta é casado". "Buemba, buemba", diria José Simão. Eis então que, recapitulando, a mãe namora; com dois; mas gosta só de um; que é casado; e a filha sabe!
E surge, ao menos em mim, a indagação subreptícia, furtiva mesmo: a jovem senhora gosta do mancebo comprometido civilmente justamente por esse motivo (a dificuldade aumenta a atração) ou o rapaz, justamente por ser casado, demonstra seu maior "valor de mercado" atraindo o desejo da genitora namoradeira?
Acima e a despeito disso tudo, carece perguntar: o que tem uma mocinha de 12 anos com tudo isso? "Na minha época" de doze eu mal sabia o que era beijo na boca (e isso em tese; imagine na prática...). A declaração me soou (e soa) cômica. Embora se todo o cenário além e fora dela for observado torna-se trágica. Mas isso não vem ao caso, aqui.
Mas, enfim, excetuando a frase do resto do mundo (uau!), ela é maravilhosa. Repito, para terminar: "Minha mãe vem aí. Mas ela vem com o namorado que ela não gosta porque o que ela gosta é casado". Assim, num sopro só; que máximo.
22 comentários:
Fred, Fred... eu sou divorciada e minha filha tb sabe tudo sobre meus namoros. Minhas amigas separadas também compartilham suas intimidades com as filhas. A gente tem que desabafar com a pessoa mais próxima, e quase sempre a filha está por perto. Porém, a recíproca nem sempre é verdadeira: as filhas escondem mais o jogo. Elle n´est pas belle, la vie?
Teresa, sou partidário de primeiro momento de relacionamentos francos entre pais e filhos. Mas sua filha já é uma pessoa adulta, embora bem jovem. Aos onze, doze anos, isso complica (ou pode complicar) a cabecinha da pessoa. E, nesse caso real, lhe garanto: complicou. Mas como escrevi lá, não vem ao caso. Gosto, apenas, do humor que (para mim) tem a declaração. :-)
Me fez lembrar sobre : A insustentável leveza do ser, não sobre o romance , mas a leveza que as pessoas buscam a qualquer preço.
Bom final de semana!
tita
Exato, Patrícia, concordo com você. A leveza que as pessoas buscam a qualquer preço... É aquele mix tão em voga, de consciência limpa (já que é oca) com atitudes frívolas, aquelas que não medem as conseqüências dos próprios atos em relação aos que estão em volta, ainda que sejam crianças, ainda que sejam filhos. Vou pensando naquela frase e começo a achar que a graça que vi desde o primeiro momento pode ser, no fundo, uma tentativa de distanciamento de algo que me incomoda, choca.
Também acho meio cedo para a rapariga saber tanto assim da vida da mãe. Mãe é mãe, não é irmã mais velha.
Pô, Frederico, com 12 anos não sabia o que era beijo na boca???
Agora sobre essas relações - hoje filho participa muuuuuiiittto da vida dos pais. Acho saudável mesmo que uma mãe separa converse com a filha de 12 anos sobre seus relacionamentos, mas vamos sem exageros, né? A menina tem 12 anos!!
No mais, bom domingo a todos e a todas (estou impregnada com questões de gênero esses dias, coisas do ofício). ;)
Patrícia "Amelie", pois é, não sabia... Tinha vontade (e oportunidade) mas era um menino bem tímido. Ô sofrimento...
Olha, eu tenho uma filha de 10 anos que sabe muito bem o que é beijo na boca e sabe quando eu tenho namorado só pela minha cara de felicidade-do-dia-seguinte, o que, by the way, anda mais minguada do que nunca (mas isso é assunto pra um outro post...).
Os tempos mudaram, baby, a vida continua e os namoros também têm vida curta. Como diz um amigo meu, tudo tem início, meio e fim.
A fila anda, que o diga a Cicarelli ou até mesmo eu que antes dos trinta já matei um e separei de dois.
Próximo, por favor.
? ? ? ? Será que fui nebuloso ? ? ? ? vou reler meu post... Não (eu escrevi NÃO) eu não disse que a menina não deveria saber que a mãe namora. Caramba, isso não (eu disse NÃO) tem problema algum. Mas tem problema, sim (agora sim, foi "sim), saber que namora um que não gosta, mas mesmo assim "vem" com ele e, no entanto, gosta do OUTRO que é (será um detalhe de pouca monta?!?!) casado. (Na verdade o problema não é a mulher ser amante do cara; o problema é deixar sua filha saber o que, entre essas e outras, volto a frisar, tem trazido sérios problemas.
É, realmente deixar a filha saber que ela é amante do cara não é uma coisa legal.
Você tem razão, mas é ingenuidade sua pensar que meninas não sabem mais do que a gente pensa - especialmente meninas de 12 anos de idade que vivem em cidades grandes e assistem OC pela tv por cabo.
A vida é dura...
Por um outro lado o que traz problemas não é o fato dela saber ou não saber porque consciente ou inconscientemente as meninas acabam por ter essa sensação - o problema maior é a mãe ter um caso com o homem casado e isso influenciar no comportamento mãe-filha. Se isso ocorre é fator gerador de problema. Se isso não ocorre, o que não parece ser, é fator gerador de problema.
Ai, acho que ando demais na terapia. Credo, vou dar um tempo.
Mas que fique claro, não foi minha intenção te deixar chateado.
beijos e uma boa semana com a mãe da menina que namora, dentre outros, homens casados. E também boa sorte porque certamente será necessário.
Anne, sem problemas. Mesmo. Mas é isso. As pessoas têm que ter responsabilidade e não apenas olhar para o próprio umbigo, entregando-se livremente às próprias vontades, sem limites. As conseqüências podem ser bem feias.
Oi Frederico,
Adorei o destrinchar do drama cotidiano ai. Mas aos 12 anos eu ja conhecia essas conversas. Acho que menina é mais antenada. E ja tinha muito pai e mae separado ,recasado, com namoradas e namorados. Quanto aos namoros com casados, continuo achando uma coisa de muito mal gosto, mas existe de montao ai no RJ principalmente onde a grande queixa e que tem muito mais mulher que homem. Enfim...Valeu a historia da menina. Ainda bem que é a mae dela e nao ela que namora um casado. Do jeito que a coisa esta, tudo é possivel. Bjos, Camille
"Ainda bem que é a mae dela e nao ela que namora um casado. Do jeito que a coisa esta, tudo é possivel". :-D Camille, vc tem razão. E a tia da menina em questão, lendo aqui os comentários, hoje me disse que poderia ser até mais inusitado: a mãe da menina poderia andar dizendo por aí que quem ela na verdade gosta é casada...
realmente é uma frase interessante e não me espanta o fato de a menina comentá-lo na maior naturalidade. Só não concordo com a mãe que namora dois... hehehehe
obrigado pela visita e apareça sempre que quiser! :)
Vou te contar uma coisa bizarra: tive que tirar a minha filha mais velha de uma escola tradicional porque um coleguinha chegou pra ela e soltou essa: "eu não posso brincar com você porque minha mãe disse que o seu pai é gay".
E, de fato, ele é homossexual, fato que não altera o relacionamento entre os dois, mas que, de alguma forma, ainda choca as pessoas ao nosso redor.
Anne: Ah... , ... , ... , ... (longa reflexão ou "caraaamba, quequi eu digo!?!"). Bom, você mesma chamou de "coisa bizarra", o que eu acho uma expressão exagerada (a não ser que vc esteja se referindo à atitude do menino. Mas aí também acho uma expressão exagerada). "Eeentãoooo", Anne : é algo incomum... E, ah, não resisto a perguntar, já que vc contou: como foi isso, ele "tornou-se gay" só após seu casamento?
Fre,
tem que se rever muitas questões; com ela a televisão é a influencia que gera na sociedade. quando era adolescente achava muito legal esse tal de papo aberto, hoje revendo nem se tudo pode se falar com uma criança.
Tempo bom é o da infancia mas vem outros meios onde a estoria já está ali contado, então é melhor escutar pelos pais, não é???????
Concordo com você, discordo também complicado tampar os ouvidos quando tudo está tão exposto.
beijos
Não, ele já era gay, mas resolveu tentar ser homem. Poxa, mas justo comigo!?!
Enfim, não deu certo. Ele surtou e não deu conta de segurar a onda. Me separei há dez anos, quando a minha filha mais velha tinha 15 dias de vida.
Já superei o trauma há tempos e hoje encaro tudo isso numa boa, tenho até um super amigo gay.
Anyway, a vida continua, não é mesmo?
bjs
Você mudou a cor do blog ou foi o meu computador que pirou?
bjs
É, Anne, imagino que deva ser um trauma, um choque daqueles (principalmente com um bebê recentíssimo-nascido). Mas faz tempo e que bom que ele (o tempo) lhe ajudou a superar.
Oi, Fred!
Aqui é Renata, do www.diretodehollywood.com. Passei aqui pra conhecer o seu blog e adorei o seu texto. Vou voltar pra ler mais na semana que vem.
Um abraço e tudo de bom,
Renata
O tempo é o melhor amigo para essas coisas - e a melhor vingança tbem (hihihihi).
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