segunda-feira, abril 10, 2006

Manfred

E a moça Richthofen voltou à cena. Personagem da principal reportagem do Fantástico e capa da revista Veja, já foi, inapelavelmente, julgada pela opinião pública e pela imprensa. Cochichos descuidados com seu tutor jogaram por terra qualquer chance de alguém crer que ali encontra-se uma "boa menina". Sua tentativa de choro, sua roupa e voz infantilizadas de nada servem mais à sua causa, a própria liberdade.

Sempre que vejo ou leio sobre essa infeliz e perturbada Suzane me vem à mente o Barão von Richthofen que, foi dito, seria seu tio-avô. Tenham ou não relação familiar, sanguínea, o idêntico e elegante sobrenome abre espaço para comparações.

O que ambos simbolizam dificilmente poderia ser mais distante. Ela, a filha desequilibrada, ingrata, capaz de matar o pai e a mãe. Não "só" matar mas matar com dolo e crueldade.

Ele, Manfred von Richthofen, lendário ás da aviação militar do II° Reich, idolatrado pelos alemães e respeitado pelos inimigos. Conhecido também como "o último dos cavaleiros", foi um tipo de soldado que - longe das trincheiras da Primeira Guerra Mundial, onde os jovens morriam em níveis industriais - ainda praticava o "bom combate", sem traições. O "Barão Vermelho", alcunha atribuída por seus inimigos, os ingleses, deixava que seus oponentes seguissem seus destinos: ele nunca perseguia aqueles rivais que saltassem de paraquedas após terem seus aviões abatidos. Em dois anos de campanha essa cena se repetiu oitenta vezes.

Ele, no mais hostil dos ambientes, a guerra, um símbolo de coragem e ética; ela, de imagem doce e no seio familiar, um modelo ímpar de traição: moderna Messalina & Dalila.

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