quinta-feira, junho 22, 2006

Confissão Pública

Abro o coração e resolvo terminar com esse silêncio, esse mistério que trago comigo há algum tempo. Se até minha mulher já sabe – e não se opõe – não vejo grande motivo para esconder. Vergonha de que, afinal? Acho que devemos assumir nossas vontades, nossas preferências, escolhas, opções. Assim sendo, me encho de coragem e revelo.

Isso começou de forma inesperada, como costumam ser as histórias desse tipo. Eu não o estava procurando, não o conhecia. Na verdade era como se ele não existisse. Um dia ouvi falar dele en passant e pensei “ah, mais um”. Dias depois finalmente o vi. É, não quero mais esconder: ele me arrebatou. Muito charmoso, aprimorado, sofisticado. Fiquei, é claro, bastante perturbado. Não esperava por isso, era uma total novidade em minha vida. Naquele dia, quando fui me deitar, não consegui dormir. Quando o veria novamente? Será que de perto ele seria tudo o que me pareceu à primeira vista? Será que eu iria me adaptar a ele e ele a mim?

A fixação em torno de algo ou alguém nos leva a fazer coisas que duvidávamos serem possíveis. Descobri onde ele costumava ficar e mudei meu trajeto diário só para ter a oportunidade de vê-lo. Não deixava de olhá-lo, com seu jeitão moderno e elegante. Como qualquer famoso, ele atraiu as atenções. Sim, confesso que procurei por informações; me disseram que era dócil mas, se necessário, agressivo até. Falaram de suas qualidades de firmeza aliada à sensibilidade. Asseveraram que era um grande companheiro, muito confiável. Tomei coragem e, sozinho, procurei me aproximar de alguma forma. Um dia, fui conhecê-lo.

Não é todo dia que nos vemos frente a frente com um tipo assim. Quis até dizer “Olá, como vai, tudo bem?” mas me faltaram palavras. Sem medo de algum preconceito seu, admito: depois de algum tempo, com o fôlego já retomado, encostei nele. Senti suas formas, sua temperatura, seu maravilhoso perfume e ouvi-o com atenção. Me senti confortável e seguro. Uma experiência multi-sensorial ao final da qual estava realizado. Ele preencheu meu "eu" interior.

Voltei para casa e não resisti, resolvi colocar as coisas a limpo, dizer a verdade, cartas na mesa. Contei que estava apaixonado, hipnotizado, mesmerizado, abobalhado, de quatro. Minha mulher foi surpreendida, não quis falar no assunto. Disse que eu estava louco e que isso passava. Achei que sua reação seria pior mas ela tentou compreender. Concordei que era uma história incomum, que para conquistá-lo eu teria que despender de um grande esforço, não seria algo fácil. Muito pelo contrário. Por fim, ela concordou. Mas preferia que fosse um preto.

A dúvida é só essa pois, embora eu não feche questão, tenho inclinação pelo prata. Acho que prefiro um Honda Civic EXS 2007 prata.

6 comentários:

Patrícia Cunegundes disse...

o prata é mais bonito.

Anônimo disse...

Depende muito do gosto...acho todos lindos...mas atualmente ando de olho num azul...linda história...parabéns....ahhh...cheguei em seu blog através do taxitramas
abração
volnei

Anônimo disse...

Essa tá ótima Fred...super criativa.

Anônimo disse...

Eu concordo com sua mulher, prefiro o preto!! heheheh!!
Agora, mesmerizado foi ótimo!! hahahahah!!
Boa sorte na conquista!!
Beijos!!

Luma Rosa disse...

O tempo todo achei que estava se referindo a sua idéia de ter um blogue.
Não tenho preconceitos com carros pretos em países quentes, afinal, são adaptados com ar-condicionado. Pretos devem estar sempre limpos e pelo trabalho que dá (qualquer poeirinha péga) prefiro o prata.

O Honda tá lindo! No mesmo estilo também gosto do Corolla.

Beijus

Joana Calmon disse...

Quase achei que vc estava saindo do armario, mas que nada! Desvario tipicamente masculino! Dar tanta importância a algo cujo unico objetivo é levar do ponto A ao ponto B é coisa de homem. Mas, cah entre nos, o Honda novo é um avião. ;)
Bjs.