sexta-feira, junho 23, 2006

Fenômenos passionais acabam tendo de se provar indefinidamente

Voltamos a um período de lua-de-mel entre o Brasil e Ronaldo Nazário. Maior que isso: voltou, ao menos por uns dias, a calmaria entre a imprensa mundial e Ronaldo, o dito “fenômeno”, alcunha que recebeu ainda quando jogava na Itália, há cerca de oito anos.

Ronaldo certamente está aliviado e mais tranqüilo e feliz. Não precisará explicar as mesmas coisas 1000 vezes por dia, coisa que o aborrece. Realmente a pressão sobre Ronaldo é enorme e não adianta superar desafios, bater recordes, ser artilheiro ou campeão. Sempre, ao menos enquanto jogar futebol profissional, Ronaldo terá que fazer mais, ser o melhor, corresponder, portanto, às expectativas que não levam em conta se ele tem 30, 25 ou 20 anos. De quem é a culpa por tal pressão angustiante?

Não se deve colocar o peso da culpa sobre os ombros de Ronaldo (esse assunto sobre massa é sempre algo delicado quando se refere ao ídolo...). É um grande jogador, um artilheiro, campeão do mundo mais de uma vez. Entretanto, quando um jornalista italiano o chamou de “fenômeno”, ele aceitou e o termo foi praticamente incorporado ao seu nome (como “Lula” ou “Maguila”, entre outros). Assim, o que se pode esperar? Um jogador “fenomenal” tem de responder à tal alcunha sendo sempre o melhor, o maior. Claro, não se deve esperar isso de ninguém, seja jogador ou não. Não é razoável. Mas o futebol não envolve apenas a razão. Pelo contrário: muitas vezes a razão vem por último quando se trata desse esporte. “Ronaldo é o fenômeno? então que mostre!”, é o que todos esperam, ainda que de forma inconsciente.

Surgem artilheiros pelo mundo, alemães, ucranianos, argentinos ou franceses. Surge Kaká, e seu xará, o Gaúcho. Mas Ronaldo, o fenômeno, como na antiga cantiga de roda, é aquele a quem a imprensa deu a mão. Se ser o super-herói para uma ou duas pessoas por um determinado período de tempo já é tarefa árdua, o que se dirá de ser um fenômeno, por anos a fio, para milhões de fãs espalhados por todo o mundo? Grandes conquistas trazem consigo volumosas obrigações, provações. Esse é o ônus, fardo de peso. Ninguém avisou ao Ronaldo ou, quem sabe, ele não quis ouvir... A vaidade, essa fraqueza tão humana e contra a qual devemos lutar diuturnamente, usando-a apenas até o limite entre o necessário e o inútil.

A foto lá em cima nada tem a ver com o assunto; é só para trazer sorte! (bem, pensando melhor, até tem a ver)

5 comentários:

Mineiras, Uai! disse...

Nossa, Frederico, que inveja de vc... Acho que meu patrão, Dr. Aécio Neves, não vai dar folga não... :P Até agora, pelo menos, ficou quieto...
Quantoà pressão, deve ser foda mesmo. Não basta o cara ser bom e ter feito tudo o q ele já fez. Ainda tem que provar todos os dias da sua vida que continua sendo bom... Pelo menos ele ganha, e muito bem, pra isso, né?
rsrsrsrs ;)
Bjo
Ana

Anônimo disse...

Fred bom o seu comentário sobre a vaidade...voce disparou de repente a escrever né...isso é bom.

Patrícia Cunegundes disse...

Frederico, continuo achando o Ronaldo um éca de chatinho. Mas se fizer gol, tá valendo.
Chefinho deu folga amanhã... Eita nóis!

Anônimo disse...

Gostei do texto e também da foto. Sorte é o que vamos precisar mesmo.
(obrigada pela visitinha, viu? )

Anônimo disse...

Bem, aqui do meu lado eu nunca achei ele lá essas coisas não...
Mas vc tá certo, ele assumiu a alcunha, ganha por ela, tem que arcar com a responsabilidade, não adianta ficar com raivinha que o povo cobra... quem teve Pelé, Garrincha, aliás a foto tem tudo a ver sim, cobra mesmo!!
Beijos!!