quinta-feira, novembro 16, 2006

Meninas (Caminhos Diversos)

Jovens mulheres, boa parte com seus vinte e bem poucos anos, moças atléticas, meninas determinadas e vibrantes. “Meninas do vôlei”, expressão que nos acostumamos a utilizar designando, de modo carinhoso, as jogadores da seleção nacional de voleibol (e, no mesmo tom, os “meninos”).

Meninas que chamaram minha atenção. Mulheres que lutaram com louvor e me mantiveram acordado em várias madrugadas. Acreditei (acreditamos) que hoje poderia narrar a epopéia coroada pelo título. Áureas rainhas das quadras mas, por ora, brilhantes como prata - bela estampa, não se duvida. Merecem os mesmos aplausos que receberiam por conquistar o título da Copa do Mundo de vôlei. E aqui o lugar-comum enfim encontra seu espaço: um título que ficou com as russas mas, acaso ficasse com as brasileiras, também estaria em boas mãos. Um longo e profícuo caminho as espera.

Jovem mulher, vinte e um anos. Moça determinada, sonhadora - como centenas ou milhares de outras. As “meninas da passarela”, forma pela qual podem ser conhecidas, modelos em busca do pote de ouro, da beleza inatingível, da oportunidade que insiste em não chegar mas, quem sabe, pode estar no próximo contrato. Mulheres jovens mas em nada joviais.

Meninas do vôlei que voltam do Japão com a certeza do trabalho bem feito, da conquista do respeito, do desempenho esportivo em seu mais alto grau. Menina da passarela que um dia voltou cambaleante do Japão, onde a saúde claudicou pela primeira vez mas, ainda assim, continuou em busca da conquista do sucesso, do mesmo desempenho profissional em seu mais alto grau.

No vôlei, modelos de vitória, de profissionalismo, de trabalho bem trilhado e certezas de vitórias futuras. Nas passarelas e lentes de câmeras, estranhos modelos de beleza, insípida beleza torta, Guernica, cubista, modernista.

Meninas do esporte no bom caminho, rumo ao estrelato. A outra, Ana Carolina, para quem crê, se foi para o céu, inapelavelmente em meio às estrelas. E nada mais.

(ilustração: "As meninas Cahen d'Anvers" - Pierre Auguste Renoir, 1881)

10 comentários:

Eu não sei, você sabe? disse...

Leo, muito bom seu texto e sua reflexão.
A dúvida que corrói é até que ponto a garra e determinação podem ser boas e quando elas saem do limite do saudável. Muito difícil ter essa vontade toda, mas, mais difícil, para quem as têm é perceber que está se ultrapassando, de forma maléfica,o limite do que pode ser feito.

Sim, muito apropriado também o quadro que escolheu...Adorei!
Bom dia!

Anônimo disse...

Ai, socorro! Esse quadro me assombrou por toda infância (rs). Tá bom, eu explico: minha mãe ama essa imagem e desde que eu me entendo por gente colocou uma reprodução no corredor de seu apartamento. E pior, ainda dizia que éramos minha irmã e eu que, coincidentemente, somos (respectivamente) loira e morena.
Sobre o texto, 'meninas' é só um jeito carinhoso mesmo. Nós, e aqui falo como representante do sexo feminino, somos mulheres e lutadoras e guerreiras e obstinadas....
bjs!

Suzi disse...

a luz que brilha pode ofuscar.
:o(

Anônimo disse...

Os sonhos acabam, assim como a vida. Seria a vida um sonho?
Fred, se quiser conversar no luz, tem um sistema de chat, já viu? (rs*) Estou brincando, mas na realidade não entendi o que quis dizer.
Senti sua falta ontem na festa!! Bom fim de semana! Beijus

Frederico disse...

Primeiramente, me desculpem não ter atualizado o blog (e comentários) desde sexta. É que fui para BH, para o casamento de um dos meus cunhados e nem tive como acessar. Patrícia: Leo? acho que vc está confundindo os personagens... é Fred. :-) Luma: que festa ?!?!

Eu não sei, você sabe? disse...

Sim estou muito confusa....mil perdões, Fred! Olha, e bem Frederico que será o nome do meu terceiro filho:)), isso quando ele vier...
Um beijo

Eu não sei, você sabe? disse...

ah sim, e quero atualizações no blog:), é tão bom ler seus textos!

Anônimo disse...

Adorei o texto e a comparação da saúde e da não saúde frente ao sonho de vencer. Cada qual do seu jeito. Ao perseguir sonhos é preciso cautela com aquilo que brilha muito e pode ofuscar e cegar. Foi o caso da menina me parece, não enxergou que a busca do seu lugar ao sol desesperado, estava a consumindo totalmente. Que seja uma estrela no céu.
Um abraço e boa semana, Camille

Emilie Larue disse...

A história dessa menina me comoveu muito, fiquei com muita pena da família dela. Às vezes eu acho que não é só a Ana que estava anoréxica, o mundo está assim, está perdendo a noção e a real dimensão das coisas... e principalmente das coisas que deveriam importar de verdade.
Beijos.

Ane Brasil disse...

Cara, lá na gazeta disse duas palavras pra tal anoréxica... só não vou postar aqui porque é um blogue família...