Ontem um colega de tribunal largou sua função. Saiu como quem sabe o que quer e, mais ainda, o que não quer mais. Todos reconhecem seu estresse e seu legítimo chute no pau da barraca. Foi embora, entregou o que tinha para quem quiser pegar. Foi para casa e depois contou que bateu em um carro. E que foi falando sozinho. E que a mulher reclamou.
Olhos no monitor e nos autos, entre despachos, mandados, ofícios, petições, memorandos. Ouço o desabafo: "meu trabalho não termina, há coisas de 2005, 2004; tenho pensado em vir... num sábado! Para quê? procurar essas coisas impossíveis...".
No momento seguinte procuro o espelho; olho em volta para ver se há alguém a observar; encaro meu reflexo e inevitavelmente refaço a habitual pergunta: “Vamos no mesmo caminho? não, eu não quero. O noticiário político, econômico, local, policial nos perturba. O trabalho não é pouco e a cada dia rende crias, procria, multiplica-se. Gera embargos, agravos, recursos, razões opostas; nunca terminará, dada a sua natureza. Vamos no mesmo caminho? não, não quero. Então vou embora pra outro lugar. Vou largar tudo, experimentar. Ah, mas e os vínculos, os laços, os nós... É, deixa de lado, depois penso nisso. Vou pra casa, já é tarde. Até amanhã”.
6 comentários:
Fala meu camarada em cores Rubro Negras ... tudo tranquilo? Seu texto está ótimo!!! Não sabia q escrevias tão bem ... parabéns! dag.ººy
É rapaz... pílulas do dia-a-dia, coisas que a gente vai observando, reservando, descartando... ;-) abraços e saudações!!
Deve ter largado tudo antes que adoecesse. Teve coragem, não? Se teve.
É Denise... e isso tem tudo a ver com o que venho sentindo, essa saudade do mato.
pq, vc é do mato?
Não, não sou - embora fosse meio bicho-do-mato no início da minha adolescência... Mas quando vou pro mato me acostumo facilmente a ele e o retorno à capital me fere.
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