segunda-feira, julho 03, 2006

“I know it's over”

A reunião do mp3, do iTunes e do Emule faz com que possamos voltar no tempo. Foi o que aconteceu hoje à tarde. A compactação da mídia em um aparelho absolutamente portátil, aliado a uma prodigiosa memória, quase que nos força a baixar a guarda e transformar tudo que temos nos tais modernos arquivos digitais. Pois então foi isso que fiz com vários CDs (já ia escrevendo “discos”, veja só...) antigos e, entre eles, “The Smiths – Singles”.

Para quem não sabe (alguém não sabe?), The Smiths foi um grupo inglês, precisamente de Manchester, de enorme sucesso durante toda a década de 80. Muitos fãs a declaram como “a melhor banda de todos os tempos”. Mas, como foi dito, é declaração de fã e tal coisa tem estrita ligação com declaração de mãe: respeita-se, compreende-se, mas acabamos por erguer reservas, naturalmente. Afinal, “a melhor” ou não, o fato é que é uma banda cultuada até hoje e o será, decerto, por muito tempo. Seu líder, Morrissey, após o desfazimento do grupo partiu em uma carreira solo, conseguindo criar alguns hits e, embora sem atingir aquele sucesso de outrora conseguiu levar muito bem sua vida, obrigado (dia desses fez show no Radio City Music Hall; li que cantou músicas novas, músicas da carreira solo – “Every day is like Sunday” – e que a platéia veio abaixo com “Bigmouth Strikes Again” ou “There Is A Light That Never Goes Out”) .

The Smiths marcou muitos jovens daquela época inclusive este aqui que escreve. Posso dizer que era uma de minhas três bandas preferidas – e aí incluindo todo tipo de som. Com The Smiths nós podíamos ensaiar aquela pose de jovem-desiludido-sem-horizontes-curtindo-as-incógnitas-do-amor-e-do-porvir. Como toda banda jovem e para jovens, The Smiths falava muito de melancolia, do amor, da desilusão com o mundo, protestava contra seu país e contra a igreja.

Pois nessa tarde pós-desilusão esportiva (hum, vai ver foi o estopim da escolha) ia lembrando desses fatos enquanto ouvia There’s a light that never goes out (“And if a double-decker bus crashes into us / To die by your side, such a heavenly way to die”), How soon is now (“I am Human and I need to be loved / Just like everybody else does), Last night I dreamt that somebody loved me, música triiiiste, daquelas que faziam a meninada cantar com emoção (“Last night I dreamt that somebody loved me / No hope, no harm / Just another false alarm”), Girlfriend in a coma - ah, a tragédia... (“Girlfriend in a coma, I know, I know, it's really serious / There were times when I could have murdered her / But you know I would hate anything to happen to her (...) Let me whisper my last goodbyes, I know, it's serious”) ou, entre tantas outras, The Queen is dead, fazendo carga sobre a Família Real (“Dear Charles, don't you ever crave / To appear on the front of the Daily Mail / Dressed in your mother's bridal veil?”) – mas vejo agora que em momento algum da música Morrissey cita Diana Spencer, princesa de Gales (bem, talvez mexer com a namoradinha do império britânico fosse demais até para os smiths...).

Deixando de lado considerações acerca da intensidade do inconformismo smithsoniano com “tudo isso que estava aí”, The Smiths marcou época, marcou seu tempo e até hoje embala sonhos, dials, festinhas e ipods, tendo deixado um recado para os meninos de antanho, em “Pretty girls make graves”, mostrando que não precisavam dizer sempre sim se quisessem um dia dizer não (“I could have been wild and I could have been free / But Nature played this trick on me / She wants it NOW / And she will not wait / But she's too rough / And I'm too delicate / Then, on the sand / Another man, he takes her hand / A smile lights up her stupid face / I lost my faith in Womanhood, I lost my faith in Womanhood / Oh ...”).

6 comentários:

Patrícia Cunegundes disse...

Dá-lhe, Frederico! Que bom que existe o emule.

Anônimo disse...

Bah, até esqueci com cheguei aqui... fui de link em link... e che gay!!!!
Sorte e saúde a todos!

Anônimo disse...

The Smiths marcaram não só voces mais novinhos mas mesmo o pessoal dos anos 70 tb curtiram eles e o The Cure. Lembra do The Cure?

Anônimo disse...

Fred estou meio deprê essa semana, triste mesmo...me arrastando nessa vida...manda um texto desses que são legais e alegram a gente...faz isso por mim.estou precisando...

Frederico disse...

Teresa, não só lembro do The Cure como tenho disquinho deles aqui! mas... qual o motivo da deprê?

Serjão disse...

Smiths era bom demais; A maioria das músicas que vc citou é do The Queen is dead que é ótimo mas o de minha preferência é o Hatful of Hollow. E uma música que tem neste disco aí em cima chamada Half a Person que É um baita som; Tipo da separação que não foi boa para ninguém, Morissey não emplacou solo e Johnny Marr que era uma guitarrista sensacional eu nem sei por onde anda. Abs