quinta-feira, setembro 14, 2006

Procuro um vestidinho preto indefectível

Vez por outra vivo um breve e pequeno dilema. Aparece um disco (ops, coisas da idade, i’m sorry), um CD novo qualquer - ou mesmo um antigo, mas de meu interesse - e logo aciono o computador, abro o eMule e, dentro em pouco, já tenho todo o repertório em meu hard drive, prontinho para fazer parte da compilação do ipod. O dilema é: “mas isso não é justo com o compositor/cantor/grupo musical. É quase como comprar CD pirata na calçada”. Há algum tempo tive uma conversa sobre esse assunto com uma amiga que estava se sentindo culpada de haver baixado o novo disco (ah, vai “disco” mesmo) da Marisa Monte e, por ser tão bom, queria comprá-lo - como um agradecimento à cantora. Podemos argumentar que o preço de um CD é um absurdo e as gravadoras são milionárias. Mas por outro lado, o CD do camelô é algo que não paga imposto, é fruto de roubo ou contrabando, etc etc e, ao final das contas, é um gol contra a nossa, por vezes, precária economia. Mas além dessa justa questão há outra: e se (no caso de um lançamento) o CD for uma droga !?!?...

Passei por todo esse questionamento enquanto as músicas de “Carrossel”, novo álbum do Skank, eram baixadas. Gosto do grupo mineiro e vejo qualidade em várias coisas que já fizeram. O DVD/CD ao vivo em Ouro Preto é excelente, por exemplo. Como não lançavam nada já há algum tempo, a notícia desse novo trabalho me chamou a atenção...

Bom, o disco pode até virar um grande sucesso (sabe lá...), mas achei fraco. Todo disco é lançado com um número determinado de músicas mas outras tantas, compostas naquele período anterior ao lançamento, ficam de fora por vários motivos. Parece que esse novo álbum é o refugo de todos os discos que já lançaram até agora. Melodias chatas e letras... bem, letras indigentes! Estão rimando chão com não (“as garrafas jogadas no chão, as garotas vestidas ou não...”), pessoa com ressoa (“...no coração da pessoa, para fazer brilhar como um farol o som depois que ressoa”), bolso com rosto, (“quando caio do seu bolso, escorrego pelo rosto”; ah??) ou ainda apelando novamente para o “não” (fazer rima assim até eu...) em “O som da sua voz”: “Não me deixe na chuva, não. Não me tire do coração...”.

Concluindo: como o Skank 1- “tem gordura para queimar”, pelos sucessos anteriores e 2- é apoiado por uma grande gravadora, algumas músicas talvez até façam sucesso mas, num primeiro momento tive uma certa decepção (vai ver tudo isso é reflexo do astral do Samuel Rosa, já que ele disse outro dia estar desapontado com tudo e que não adiantava fazer músicas contestatórias porque nada mudaria mesmo). Então a mensagem de "Carrossel" (que é algo que roda, roda e não sai do lugar - será uma dica?) me parece: "não adianta me esforçar com 'pacato cidadão'... Então vai qualquer droga mesmo".

11 comentários:

Patrícia Cunegundes disse...

Fred, eu sempre baixo músicas no emule para gravar CDs de ouvir no carro. Mas continuo comprando discos. Eu tb já me questionei várias vezes, mas já relaxei. Não vou detonar meus discos novos no carro, ouço os mp3 do emule mesmo e tá tudo certo. Em casa, com calma, ouço os CDs originais.

Anônimo disse...

aiaiuia... menino... eu tenho quase que certeza que o prazer da música mora no ouvido de quem a ouve. (atenção, disse prazer e não qualidade)... Ainda não ouvi este último cd dos meus conterrâneos... mas quanto às rimas, deixa eu ver: aqui, nesse mundinho fechado, ela é incrível... indefectível. Porque ela derrama num banquete, que rima com palacete e depois com libido do cacete... Uai... pra mim são rimas tão "pobres" ou tão "boas" quanto às que você citou... Beijos pra vc!

Anônimo disse...

Talvez fosse mais justo "experimentar', assim como se experimenta a roupa. Ouviu, gostou, comprou... O problema é que às vezes precisamos de um tempo pra gostar de todas as músicas. Acho legal este critério de comprar o disco original se o pirata for bom. Ajudaria se a "indústria" cobrasse mais barato...

Anônimo disse...

uai, acho q vc nao gostou do meu comentario...:(

Serjão disse...

Esta coisa não vai se resolver pela consciência do consumidor. Claro que rola um certo desconforto ao baixar um Cd que esteja sendo lançado (nem falo em relação ao material mais antigo e fora de catálogo). Mas qual seria a solução? Nós não criamos esta situação mas admito que nos aproveitamos dela. O Lobão tem uma idèia maluca onde um vandedor da Gravadora ficaria na Rua e copiaria na hora as músicas que o Cliente desejasse comprar. Segundo ele acabaria com a pirataria e com os camelôs. Permitiria a compra de músicas a varejo. Vai saber se dá certo?

Anônimo disse...

É... eu tb tenho questionamentos éticos ao baixar músicas no computador. Mas faço. Agora, comprar CD pirata, isso não faço não.

Anônimo disse...

Mesmo assim gostaria de escutar esse cd.......

beijos

Frederico disse...

óia eu aqui de novo! 'dianta não, tu num vai se livrar d'eu fácim...
Bueno, gosto não se discute, dizia... (ops, tu pediu pra eu pegar leve!)
Eu, particularmente, sempre achei q o Skank tinha 2 músicas "decentes" e olhe lá.
Sempre achei que os caras eram um subproduto cultural apoiado numa boa campanha de mídia.
Um dia a casa cai...
(ui, a moderação foi aprovada por minha causa???? Nussa, eu prometo me comportar hehehe. de agora em diante vou postar sem c4r41... sacou?)
Sorte e saúde pra todos!

Frederico disse...

Passar alguns dias afastado da blogosfera dá nisso; a gente erra tudo. O comentário acima não é, obviamente, meu. É da Ane Brasil. Me desculpem... // E rogo, ainda, a compreensão de todos: fui na sexta, cedinho, para as alterosas. I'm back.

Anônimo disse...

Eu já me senti culpada por baixar músicas pelo emule também, eu sou toda certinha!! Mas eu não ganho o suficiente prá poder gastar, 30, 40 reais por mês num cd, e na verdade nem seria só um, pq do jeito que eu adoro música...
E sabe eu ainda continuo falando disco? Ah nem ligo, o cd é redondo também, pq não chamar de disco? hehehehe!!
Bão também achei fraquinha essa que tá tocando, mas não ouvi tudo... hum... vou lá baixar!! hehehehe!!
Beijos!!

Frederico disse...

RESPONDENDO: Cláudia, você tem razão quanto às rimas banquete/palacete/cacete de Garota Nacional e, decerto, podemos encontrar pérolas assim em outras músicas do Skank. MAAAS ao menos a gente se divertia. // A idéia do Lobão, passada pelo Serjão (ih, acho que vou escrever letras para o Skank!!) parece meio doida mas... já não tem máquina automática para tudo (ou quase)? poderia haver maquininhas para baixar mp3 espalhadas por aí, a preços BEM módicos (mas também... peraí! estamos falando de Brasil! qual a porcentagem da população tem tocadores de mp3? ah, tem horas que me sinto na Corte do rei Luis XVI, com o verdugo já afiando a lâmina da guilhotina... coisa meio Maria Antonieta e seus brioches, sabem?)