segunda-feira, junho 25, 2007

Chamava-se "Retrato de um playboy"

Pensei umas duzentas e trinta e seis vezes (estou me especializando nesse número) em se ia ou não escrever sobre esse fato. Afinal temos todas as manchetes de jornais para ler, os telejornais para ver e "n" espaços na internet para protestar. Mas a declaração do sr. Ludovico Ramalho é um elemento decisório, embora mais do que esperado.

Vem então à público, com voz embargada e tremeluzente - como vela acessa sob brisa - o pai de um dos malandros (muito bem chamados de "playboys" no Jornal Nacional) que espancaram a moça, o tal Ludovico, dizer que "eles erraram, sim, mas deixar as crianças que estudam, trabalham, etc, na cadeia, é demais! é desnecessário!". Entendo que em momentos de tensão as pessoas digam bobagens mas sempre há um limite para a boçalidade. Malandros escudados pela classe social serem chamados de crianças? que vergonha!

Gabriel foi premonitório. Ou melhor, nem tanto. Apenas foi observador, o pensador.

"Pergunta prum playboy o quê ele pensa da vida. Sabe o que ele te diz? (Se borra todo?) Não, mais ou menos assim:"Sou playboy e vivo na farra, vou à praia todo dia e sou cheio de marra. Eu só ando com a galera e nela me garanto, só que quando estou sozinho eu só ando pelos cantos. Porque eu luto Jiu-Jitsu mas é só por diversão (É isso aí meu "cumpádi", my brother, meu irmão). Se alguma coisa está na moda então eu faço também, igualzinho a mim eu conheço mais de cem. (...) E o que eu sinto pelo país é o que eu sinto pelo povo. Olha só que legal quando eu pego um ovo, entro no carro com os amigos e levo o ovo na mão (Olha o ponto de ônibus, freia aí meu irmão!!). E eu taco o ovo bem na cara de um trabalhador que esperava o seu ônibus que passou e não parou. Que maneiro, eu não ligo pra quem tá sofrendo, em vez de eu dar uma carona eu deixo o cara fedendo".

Há uns quinze anos eu poderia ser enquadrado na posição social que esses malandros estão agora. Vinte, vinte e poucos anos, zona sul, carro desde sempre (e todos os amigos idem), night, etc. Muitas vezes ficávamos parados ali no posto Mengão, na Lagoa. Dali, após dar uma "calibrada", ia para as boates. Sim, gostava de correr de carro mas normalmente quando NÃO estava com álcool na corrente sangüínea (tanto que aqui estou). E, mais tarde, lá pelas quatro da matina, ia comer um sanduíche no BB Lanches, no Leblon, e depois (ou antes, bem mais cedo; não havia regra), geralmente, uma "patrulha".

A "patrulha" era nada mais que ir ver as moças que trabalham na noite, "na pista", como elas mesmo diziam. Muito diferente dessas "crianças" de hoje, tratávamos bem as meninas. E mais até: parávamos, todo mundo saía do carro e, por vezes, ficávamos por ali, conversando. Numa boa, sem desrespeito algum. Ninguém que eu tenha conhecido pensaria em bater nelas. Gostávamos delas, justamente pelos motivos mais que óbvios.

Essas "crianças" de hoje, e seus pais, são muito estranhos.

5 comentários:

Anônimo disse...

Aqui no cerradão ainda me choca a história dos playboys que deixaram as namoradas em casa, passaram pela loja de conveniência (que por sinal, fica próxima a minha casa), compraram álcool, jogaram no índio e tocaram fogo...
É inacreditável a falta da família! Cadê a educação? Cadê a presença de uma figura paterna/materna? Pode parecer piegas, mas eu sou mãe e sei o quanto isso é importante.
Isso me revolta!
Certa feita, quando dava aulas em uma escola de riquinhos, escutei de um aluno de uns quatro anos de idade: "não vou fazer isso, é o meu pai que paga o seu salário". Fiquei tão abismada que não consegui nem responder, só relatei o fato à coordenadora, que nada fez.
Essas coisas me chocam, de verdade.

Anônimo disse...

falar em OVO, me lembro do Ricardo e do Marcelo que moravam na Rua Ipu como nós e ficavam na esquina da Real Grandeza jogando OVO nos ônibus que passavam, lembra? eram seus amigos e não sei se você fazia parte do grupo, aliás o Marcelo continua sendo seu amigo.

Frederico disse...

Mãe é nossa consciência crítica (bem, as BOAS mães; certamente não aquelas dos pitboys...). É, mãe, eu lembro e não lembro; ou seja, acho possível isso mas não me recordo do caso concreto. No entanto o que posso dizer sobre o caso é que essa história aí deve remontar há uns... 25 anos e jogar um ovinho (hahahahaa, a velha técnica do diminutivo para minimizar o ato) em um "ônibuszinho" (hahaha, idem) é bem menos grave que espancar alguém gratuitamente. E o Alexandre? ele pegava uns sacos plásticos lá da casa dele (7º andar), enchia de água e jogava que nem uma bomba em circunstantes que passavam... :-D Desde então eu achava tudo um absuuuuuuurdo... :-p

Hane disse...

Atualiza!
Atualiza!!
Atualiza!!!

Liliane de Paula disse...

Imagina a cara desse pai depois de dizer uma "asneira", como dizia minha avó, dessa. E na TV.
Liliane de Paula