terça-feira, julho 03, 2007

E assim caminhamos

Muito se tem falado por esses tempos sobre falta de caráter e covardia, violência e falta de ética. Discute-se o tema sob diversos ângulos. Há, decerto, vários ingredientes espalhados no tempo e em todos as atividades da sociedade. Uma determinada prática observada pode ser um desses inúmeros componentes.

Os narradores esportivos têm, em geral, mania de tripudiar da Argentina, em especial no futebol. Galvão Bueno se delicia costumeiramente afirmando ad infinitum "o quanto é gostoso ganhar da Argentina", não pelo valor intrínseco da vitória mas, claramente, porque os argentinos seriam arrogantes e dariam pouco valor ao futebol brasileiro - quando não ao povo brasileiro. Luciano do Valle, na Bandeirantes, também tem prazer em achincalhar a seleção de futebol do país vizinho. Nesta segunda-feira, durante o jogo entre a Argentina e a Colômbia, discorria sobre o prazer em ver a Argentina perdendo; o jogo terminou 4x2 para os portenhos. É claro que a rivalidade cria atritos mas o que há é uma atitude mesquinha e pouco educada, uma pré-disposição para ser "do contra". Mas por quê? Bem, a Argentina tem um futebol muito competitivo e bonito. Então me parece que há maior valor na eventual vitória sobre aquele país do que em relação ao Equador, Chile, Venezuela e congêneres. Torço sempre pela Argentina porque os melhores devem vencer. Como nenhum outro, o futebol argentino alia a técnica esmerada a uma grande determinação pela vitória. Mas os narradores não pensam assim e criam essa "anti-torcida" antipática e que cheira, no fundo, a medo.

Melhor se garantir enfrentando um menos capaz. Melhor bater no mais fraco e receber os louros da glória (a fama pela valentia). E não é assim que a sociedade vai se moldando?

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